quinta-feira, 6 de janeiro de 2005

Analgésico na gravidez pode afetar vida sexual do filho

Os filhos de mulheres que tomaram analgésicos durante a gravidez podem ter um impulso sexual menos intenso quando adultos, sugerem cientistas americanos.
Os pesquisadores constataram que compostos como a aspirina bloqueiam uma substância química fundamental para o comportamento sexual de ratos machos.

Pesquisadores da Universidade de Maryland dizem que, se o mesmo ocorrer com seres humanos, mulheres grávidas deveriam evitar analgésicos comuns quando possível.

A descoberta foi publicada na revista Nature Neuroscience.

Margaret McCarthy e sua equipe estudaram como o hormônio masculino testosterona manda o cérebro se tornar masculino durante a gestação.

Substância química

Um dos passos no processo envolve uma substância química chamada prostaglandina-E2.

Sabe-se que medicamentos como a aspirina bloqueiam a síntese da prostaglandina-E2.

Os pesquisadores descobriram que ratos machos expostos durante a gestação ou como recém-nascidos a drogas que bloqueiam a produção da prostaglandina-E2 são menos ativos sexualmente na vida adulta.

A estrutura do cérebro desses ratos também se parece mais com a dos cérebros das fêmeas.

Quando ratos recém-nascidos do sexo feminino recebem prostaglandina-E2, eles demonstram um comportamento sexual com características masculinas quando adultos e seus cérebros adotam uma aparência mais masculina.

Risco

Os pesquisadores advertem que o impacto potencial de exposição de seres humanos em formação a tais drogas ainda não é conhecido.

Mas eles dizem que, potencialmente, o mesmo pode ocorrer nos seres humanos.

Pequenas doses de aspirina são ministradas a mulheres grávidas para impedir pré-eclampsia e uma outra droga, chamada indometacina, que também bloqueia a prostaglandina-E2, é dada a bebês prematuros com problemas cardíacos.

Cientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, disseram que "estes resultados inesperados reforçam a noção de que mulheres grávidas devem tentar evitar a ingestão de qualquer medicamento".

Na Grã-Bretanha, está em andamento uma pesquisa para verificar se tais medicamentos têm um efeito sobre o comportamento das crianças em termos de gênero.

Melissa Hines e sua equipe da Universidade City, em Londres, estão monitorando cerca de 12 mil bebês nascidos em 1991/92.

Eles já constataram que níveis de exposição a testosterona no útero têm um impacto no comportamento do sexo feminino na vida adulta.

As meninas expostas a níveis altos de testosterona quando fetos tinham maior propabilidade de adotar comportamento típico de meninos, por exemplo.

Mas Hines disse que é muito cedo para dizer se as drogas que bloqueavam a prostaglandina-E2 afetaram o comportamento sexual masculino.

Reportagem extraída do site BBC Brasil


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