Vale a pena instalar o Linux?
Por: Carlos OssamuLogoCarlos Ossamu*
Conheça este sistema operacional de código aberto e saiba porque ele vem fazendo tanto sucessoNa língua inglesa, o termo software livre (free software) cria uma certa confusão, pois free pode significar livre ou grátis. Em português a confusão é menor, mas por outro lado, nem todos sabem exatamente o que isso quer dizer. Muita gente ouviu falar que o Linux é um software livre ou de código-fonte aberto, mas a última versão do Conectiva Linux 10, por exemplo, custa R$ 99, na versão para usuário final. Já em sites de downloads há várias opções de programas para Windows, e portanto proprietários, que podem ser baixados e usados gratuitamente - são os chamados freewares. Então, livre e grátis são coisas diferentes.
O Linux foi criado oficialmente em 1991 pelo então estudante finlandês Linus Tovard, que se tornou uma celebridade entre os escovadores de bits do mundo todo - a primeira versão estável para chips Intel x86 (versão 1.0) só chegou ao mercado no início de 1994. Desde o começo, a idéia era que o código-fonte fosse aberto, para que pesquisadores de qualquer lugar do mundo pudessem sugerir implementações no seu kernel (o núcleo do sistema). Isso só se tornou possível com a Internet, que derrubou distâncias e permitiu o desenvolvimento de uma comunidade virtual. Ao mesmo tempo, o Linux ganhou projeção ao dar mais estabilidade aos servidores web Apache, um dos mais usados até hoje.
Esse sistema operacional pode ser baixado da Internet gratuitamente, mas a forma mais fácil e segura de instalar o Linux é por meio das versões das várias distribuidoras, como Mandrake, Red Hat, SuSe, Slackwared, Debian, ou das nacionais Conectiva, Kurumin, TechLinux, entre outras. Uma distribuição é um conjunto com o kernel e vários programas, empacotado, de forma que seja fácil de instalar e manter atualizado. São produtos vendidos em prateleiras, com manuais, suporte e diversos softwares aplicativos, para que o usuário não precise correr atrás dos programas mais comuns, como processador de textos, planilhas, apresentações e até joguinhos. Os distribuidores geralmente possuem versões para servidores e para desktops (usuários finais).
Prós e contra
O monopólio e as inúmeras falhas do sistema operacional Windows, da Microsoft, vem sendo constantemente questionado. No fim de setembro, Victor Wheatman, vice-presidente de segurança do Gartner, uma das mais conceituadas empresas de pesquisa e consultoria em TI do mercado, chegou a comentar que o Windows é o maior programa beta (de teste) da história, afirmando que é um erro acreditar (ou engolir) o fato de que todos os programas possuem falhas.
Para as corporações e repartições do governo, a discussão vem girando em torno do custo do Windows. Os defensores dos sistemas de código-fonte aberto (não apenas o Linux, mas programas aplicativos como o OpenOffice) alegam que tais soluções permitiriam ao País economizar cerca de US$ 1,1 bilhão por ano, conforme destacou recentemente o presidente do Instituto de Tecnologia da Informação (ITI), Sérgio Amadeu, um fervoroso defensor do software livre no governo federal.
Por outro lado, uma outra ala da indústria afirma que a implementação e suporte do Linux são mais caros, já que falta mão-de-obra especializada. Isso realmente é verdade, já que, por conta da lei da oferta e da procura, há mais sistemas rodando Windows no mercado, e por isso também mais profissionais se especializaram nesta plataforma. Mas com o Linux ganhando espaço, a tendência é de que surjam mais profissionais capacitados.
Já no cenário doméstico, o Linux vem ficando fácil de operar e com uma interface mais amigável. O problema está na baixa oferta de programas - quase não há games para Linux e os mensageiros, como MSN Messenger e ICQ só rodam em Windows. Existem, claro, programas que emulam o ambiente Windows para que esses aplicativos rodem no Linux, mas para o usuário doméstico, sem conhecimentos técnicos, que na maioria das vezes compra uma máquina pirata, essa história de emulador parece muito complicada.
*Carlos Ossamu é jornalista especializado em tecnologia. Trabalhou como sub-editor de informática do Jornal da Tarde durante sete anos e hoje atua como colaborador para diversas publicações, entre elas "Diário do Comércio" e especiais do grupo IDG e Revista InfoExame.